a insônia também cria poesias

No ano passado eu quase morri, e nem é graça, eu nem sei como eu sobrevivi.
Longe de casa, morando sozinho em uma cidade estranha, rodeado de gente estranha, enquanto eu me sentia o estranho. Poucos foram aqueles que me ajudaram a superar este sentimento que talvez ainda perdure por ter me travessado tanto que talvez hoje seja parte de mim enquanto sujeito, mas chega de divagações sem sentido.
Eu passei muitos noites em claro escrevendo poesias, sempre focadas em apresentar em forma de declamação em saraus. Bem, algumas delas até chegaram a ser declamadas, mas não foram todas, e eu sentia que eu precisava externar isso.
eu sou poesia; eu sou um corpo-poesia — enrike, sinopse de poesias noturnas (2023)
Foi a maior pataquada, mas eu buscava aprovação das pessoas quando eu escrevia e declamava, eu busquei aprovação quando eu anunciei que ia publicar, e busquei nos primeiros dias após publicar. Simplesmente patético poeta, certo? Pode até ser, mas eu só digo isso porque o Enrike de hoje não é o mesmo Enrike de quando eu publiquei, e isso que me permite entender melhor o que eu estava sentindo naquela época.
As poesias são de um garoto que recém estava se entendendo no mundo. Adulto, porém não tanto; neurodivergente, mas sem laudo; viado, mas… não, eu só estava sendo viado mesmo, nada além disso. Mas tinha um refúgio no escrever e fazer escrita — e ainda o tenho —, e eu tomei proveito disto.
Voltando aos momentos em que eu escrevi, editei, desenvolvi o conceito estético e visual… tudo isso foi um processo bom, apesar dos pesares, e poesias noturnas se tornou um projeto que eu sinto orgulho de ter feito, e talvez, só talvez, eu seja um corpo-poesia no fim das contas.
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