a primeira antologia do coletivo foi um horror — no bom sentido, eu acho

Já começa que a antologia foi publicada atrasada, e se tem uma coisa que eu gosto muito de cumprir são os prazos — que nem sempre a gente pode cumprir, infelizmente.
Foram precisos três viados — eu, Vlad e Manu —, para que criássemos uma antologia que fosse simplesmente um flerte com o horrendo. Era para ser originalmente terror, mas nós só fomos para o sobrenatural mesmo, porque nenhum de nós três conseguiu fazer algo que fosse simplesmente terror, ou horror, então ficamos apenas com o sobrenatural e o violento. Sim, como tudo, nós estávamos experimentando, mas não saiu nem um pouco o que a gente planejava.
Considerando que deveria ter saído perto do 31 de outubro, mas só saiu no final de novembro, nosso planejamento já tinha ido para as cucuias, mas pensamos em desenvolver algo um tanto quanto além… buscamos retratar tudo que fosse de mais perturbado em nossas mentes: violência.
Pode parecer cansativo, mas o cerne desta antologia foi que ela é algo que retrata a violência, essa foi a nossa escolha estética para este trabalho, e eu acho que ela é bem explícita nesse sentido, cada conto tem em sua natureza uma forma de violência, porque o mundo é violento, e viver, muitas das vezes, é sofrer violências.
Mas entenda, isto não é uma advocacia ao direito de violentar, tampouco um incentivo de que busquemos nos expor e sofrer violências. Mas é uma forma de denunciar, por meio da literatura, como o mundo que nos cerca pode, e é, violento, e muitas das vezes nós jamais vamos conseguir fazer alguma coisa em relação a isso que não ver e/ou sentir a violência e depois tocar nossa vida enquanto tentamos superar esse evento, e isso acontece uma e outra vez, todos os dias até o último de nossa existência. Profundo, não? Trágico? Talvez, mas há certa beleza poética em revidar as agressões com contr’agressões por meio da arte. Por isso que esta antologia é um horror, mas um horror no bom sentido.
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