Em plena quaresma de 2023, revoltado estava eu com o mundo, com a vida, com tudo que tinha relação com a Igreja e Cristo, que eu decidir recorrer ao único jeito de esvair a raiva de dentro de um garoto que cresceu nesse meio e sabe o que é de mais proibido e/ou polêmico para ele [o meio]: profanação e heresia.
Então eu sentei, me muni de todos os personagens mais emblemáticos da cosmovisão cristã e com os quais eu constantemente cresci ouvindo, os esvaziei completamente, remodelei e publiquei. Foi daí que nasceu cenas como Lúcifer sendo expulso de casa e fazendo de tudo: falando que ele se prostituía, que morava num muquifo, que transou no armário de limpeza no funeral do pai…
Hoje em dia, eu olho para trás e vejo o quão cansado e irritado eu estava, ao mesmo tempo que eu penso que, se eu quisesse caçar confusão mesmo com essa igreja, eu teria imprimido isso e jogado na frente da igreja depois da missa, quando todo mundo estivesse saindo.
Mas eu preferi só continuar a minha vida, escrevia os contos e publicava, e no final de tudo o que nasceu de muita raiva, hoje em dia é um grande amor que eu nutro pelo mundinho que eu criei com personagens que não são meus, mas que eu acabei adotando no meio do processo.